A perda de Lô Borges deixa um vazio na música popular brasileira. O cantor e compositor mineiro é um dos fundadores do famoso Clube da Esquina, em parceria com Milton Nascimento e Beto Guedes. O movimento combinava diversas influências, como rock e jazz, e transformou a música nacional a partir dos anos 70 e 80.
Lô Borges faleceu na noite deste domingo (2), aos 73 anos, por falência múltipla dos órgãos, segundo boletim divulgado pelo hospital onde estava internado por intoxicação medicamentosa. Suas composições foram gravadas por grandes nomes, como Milton Nascimento, Nana Caymmi, Simone, Gal Costa e Elis Regina. Entre os sucessos do artista estão O trem azul, Um girassol da cor do seu cabelo e Tudo que você podia ser.
Ministério da Cultura lamenta
Em nota, o Ministério da Cultura expressou profundo pesar pela morte e destacou que a trajetória de Lô Borges é parte indissociável da história da música e da cultura nacional. Nas redes sociais, artistas e fãs também se manifestaram. A cantora Fafá de Belém disse que Lô sempre foi um menino e se manteve menino até que virou um anjo. Elba Ramalho afirmou ser grande fã do artista e que sua obra será eterna. No perfil oficial de Milton Nascimento, um dos seus grandes parceiros, uma mensagem saudosa afirma que o cantor deixará um grande vazio e que o país perdeu um de seus artistas mais geniais, inventivos e únicos.
Em entrevista à Rádio Nacional em junho do ano passado, Lô Borges falou sobre o começo da parceria com Milton Nascimento:
“Eu e o Bituca, o Milton, nos tornamos parceiros. Fizemos uma canção chamada Clube da Esquina e, logo em seguida, fizemos um instrumental chamado O Clube da Esquina 2. E era muito legal como a gente compôs as duas músicas.”
Ele também falou sobre esse sucesso em entrevista à TV Brasil:
“A música Clube da Esquina 2 tem duas versões. Tem a primeira, que é a original, que eram dois violões, eu tocando o violão base e o Milton fazendo o violão solo da melodia, e é uma canção que eu costumo chamar de canção itinerante, que a gente ficava meses, a gente tocava de manhã, de tarde, de noite, durante meses. A gente demorou a fazer a segunda parte, inclusive, porque a gente se contentava com uma parte só da música.”
O jornalista, crítico e pesquisador musical Rodrigo Faour destacou a genialidade do artista:
“Foi um artista precoce. Ele com 20 anos já era genial. A maior parte da obra dele ele fez muito jovem. Até os 30 anos ele já tinha composto todos os clássicos da música mineira. Então, é uma figura muito importante”.
Já a pesquisadora musical Chris Fuscaldo lamentou a grande perda que a morte de Lô Borges representa para a música brasileira e para a família:
“É inacreditável isso que está acontecendo, isso que aconteceu, porque ele é muito novo, 73 anos, e nem parecia, né? Fisicamente estava um garoto ainda. E, enfim, eu fico muito triste pela perda que a música brasileira sofre, mas também pela perda que o Márcio Borges, em especial, está sofrendo agora, irmão dele e principal parceiro de composição.”
A pesquisadora também reforçou a importância do legado que o artista deixa:
“Vamos celebrar o legado que ele está deixando, tentar nunca esquecer as músicas, a voz, todo o trabalho que o Lô Borges fez pela música brasileira”.
Lula manifesta pesar
O presidente Lula manifestou pesar com a morte de Lô Borges, destacando que as canções do artista estão gravadas não apenas em álbuns, mas na memória e no coração de milhões de brasileiros.
Lô Borges deixa um filho.
      
            
    
Fonte: Agência Brasil




