Artigo – Quem discrimina os mais velhos esquece que também envelhecerá

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Happy grey-haired female smiling at camera

*Por Thelma Miguel

Foto: Divulgação

Vivemos um momento muito especial de empoderamento das mulheres acima de 50 anos. Nunca se viu um engajamento tão grande para valorização da plenitude, amor-próprio e sensação de liberdade que a maturidade traz. O surgimento da pílula anticoncepcional, os movimentos de libertação feminina e a legalização do divórcio foram alguns dos acontecimentos que propiciaram discussões mais profundas sobre o lugar da mulher na sociedade.

Mulheres que cresceram neste cenário sentem-se mais felizes com suas vidas. São plenas, bem resolvidas, ativas sexualmente e donas de seus destinos e sonhos. Não desejam que padrões sejam impostos e fazem de tudo para viver do jeito que decidirem. É preciso dar um fim às ditaduras de beleza, deixando que elas próprias decidam como se sentem felizes.

Infelizmente, a sociedade ainda é contaminada pelo machismo estrutural e pela discriminação das mulheres de idade. Estes preconceitos as colocam à margem e invisíveis. Precisamos acabar com a falsa relação que se costuma fazer entre envelhecimento e incapacidade. Quem discrimina os mais velhos, se esquece que também será mais velho um dia, se tiver sorte.

Já vemos alguma preocupação dos meios de comunicação em dar atenção a esta parcela, cada vez maior, da população. A representatividade em séries, novelas, filmes, programas televisivos e propagandas é fundamental para que esta situação seja revertida. Disseminar informação sobre amadurecimento e saúde, ensinar como encarar a menopausa sem estresse e mostrar as vitórias sociais, realizações e superações também é essencial. Tudo feito com cuidado para que estigmas não sejam perpetuados.

Contudo, ainda são poucas marcas que desejam associar seu produto à maturidade. Raras são as que colocam a mulher como protagonistas das suas vidas. Esquecem-se de que mulheres com mais de 50 têm um poder aquisitivo alto nesta faixa etária e são grandes consumidoras. Quem não se atentar para este mercado em expansão vai ficar para trás!

Mulheres maduras são incríveis, podem tudo, têm direito ao que desejarem. Esta é a hora de realizarem os sonhos engavetados e principalmente serem felizes. Aos 62 anos, me reinvento diariamente e clamo a todas, para que lutemos por ver nossos rostos, nossos corpos, nossas palavras, nossa importância social estampada diante dos olhos de todos, como referência de sucesso que nos é de direito. Vamos juntas!

*Thelma Miguel é médica, escritora e poetisa carioca e acaba de lançar a coletânea de poemas O Silêncio e o Grito.