Butantan solicitou junto a Anvisa aprovação para o uso emergencial da Coronavac
O Instituto Butantan, divulgou o resultado dos ensaios clínicos de fase 3 da CoronaVac, a vacina contra Covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac. No Brasil o laboratório tem parceria com o Butantan. Os dados da pesquisa confirmaram a eficácia de 78% de proteção aos voluntários.
Com os números positivos, o instituto deu entrada com o pedido de uso emergencial da CoronaVac na Agência Nacional de Vigilância Sanitário (Anvisa).
Segundo os dados apresentados no evento, o número de 78% de eficácia da CoronaVac é referente à proteção contra casos sintomáticos leves, que foram o objeto principal de análise do estudo. O instituto ressalta que a vacina também protegeu em 100% contra casos moderados, graves e contra óbitos, mas, com amostragem muito menor, este dado deve ser analisado com maior cautela. De acordo com os dados apresentados, nenhum participante dos ensaios clínicos desenvolveu a forma grave da doença.
Apesar da eficácia da CoronaVac ser inferior à de outras pesquisas, como as da Pfizer e Moderna, que romperam a casa dos 90% de proteção, a CoronaVac tem outros pontos muito fortes que podem ser determinantes no enfrentamento da pandemia. A tecnologia de vírus inativado já é amplamente dominada pelo Instituto Butantan, que poderá produzi-la localmente, além do fato de que ela não precisará de refrigeração especial, o que permitirá sua distribuição com mais facilidade.
O diretor do instituto, Dimas Covas, anunciou que 12.476 voluntários participaram dos testes, mas muitas informações importantes dos estudos ainda não foram apresentadas, e que estão sendo cobradas pela comunidade científica. Não foram revelados, por exemplo, o perfil etário dos participantes, a distribuição de casos e eficácia por idade.
Dados de segurança da vacina já haviam sido apresentados pelo Butantan há algum tempo. Durante os testes, a CoronaVac não apresentou efeitos colaterais graves e, em outubro, o instituto mencionou que não houve nenhuma ocorrência de “grau 3” entre os participantes, definido como um tipo de efeito colateral que impede o voluntário de realizar suas atividades cotidianas, e apenas 0,1% dos participantes tiveram febre, enquanto as dos laboratórios (Oxford, da Pfizer e da Moderna) tiveram febre em, no mínimo, 18%.
O Instituto Butantan já solicitou para a Anvisa a aprovação de uso emergencial da vacina, mas o registro definitivo ficará a cargo da Sinovac, o laboratório chinês que criou a CoronaVac, que deverá coletar dados de estudos conduzidos em outros países, como Indonésia e Turquia.